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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

As dores e delícias de mudar de país - a mudança

Fiquei devendo essa parte que gera tanta curiosidade, não é mesmo? Então vou tentar ser bem sucinta pra não perder o objetivo que é mostrar minha experiência pessoal.

A primeira coisa que fiz foi praticar o desapego...sim, isso é fundamental. E na minha cabeça não tinha essa história de guardar tudo numa caixa e deixar guardada caso um dia eu resolva voltar. Trabalhei friamente esse assunto e entendi que "coisas"passam, quebram, saem de moda, não me definem! Também não vou dizer que me desfiz de absolutamente tudo...jamais, não sou tão evoluída assim! Ficaram fotografias, lembranças da infância dos meus filhos, livros, algumas coleções...mas roupas, sapatos, louças, equipamentos da casa, isso tudo foi doado, poucas vendidas e algumas deixei para os familiares mais próximos.

Com isso eliminei muita "tralha" desnecessária e resumi meus 47 anos de vida em 3 malas de 23Kg, mais uma mala de mão e umas 6 caixas que ficaram na casa do meu pai para que, à medida que familiares viessem me visitar, me trouxessem aquilo que fosse possível.

Com isso, resumi a parte pratica. Aí vem a pior: despedir-se dos que ficam...uma baita de uma sensação horrível, um misto de tristeza, dor, perda, e a pior: que merda que eu estou fazendo( ah desculpe o palavrão aos puritanos, mas é a única palavra que cabe aqui hehehe)...mas passa, é uma dor danada que passa...afinal, todos queremos sempre o melhor e por uma dádiva enorme da vida, deixei todos com os quais mais me importo, bem em todos os sentidos! E isso alivia muito essa tal dor hehehe

Sobre a sensação da chegada: como quem chega para as férias. E assim fiquei por uns 50 dias, com essa impressão, até que minha ficha começou a cair e eu percebi que por mais novidades que eu vivesse, eu não tinha voltado pra casa. A minha casa. O meu colchão. Meu travesseiro. Meu lugar no sofá. Meu ateliê. Minha vaga na garagem. Meu ginecologista. Meu dentista. Minha academia (aliás, só agora encontrei uma realmente chamo de academia). Claro que surtei e tive um desejo enorme de voltar. Mas passou. Temos que viver com tamanha intensidade tudo o que sentimos para entendermos o que vale a pena. O que faz sentido. E tudo isso o que eu vivi até agora é  que me fez quem sou e só tenho uma coisa a fazer: agradecer! Estou bem. Estamos bem. Cumpre-se o objetivo de encontrar qualidade de vida. Temos aqui de sobra. E sendo esse o objetivo, que direito eu tenho de desistir, ou de me arrepender, ou de me lamentar? Nenhum...

Enfim, tudo muito legal, mas nada glamouroso. Tudo muito bom, mas nada fácil. Tudo como a vida deve ser: vivida, aprendida, experimentada, exaltada; afinal ela é realmente passageira e dela não levamos absolutamente. Apenas evoluímos.

Quer mudar de país? Mude. Atreva-se. E tenha em mente tudo o que pode te acontecer, a começar em descobrir que você é muito mais forte do que pensa ser!


Um comentário:

  1. Eu sempre fui sua super fã e fico imensamente feliz em saber, que você alcançou os seus objetivos...
    Nada fafác as vezes, mas prazeroso em ser vivido.
    Muita sorte, felicidades e sucesso amiga é o que eu lhe desejo.
    Quem sabe um dia não vou furar um caderno em Portugal 😉
    Bjssss

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